23/05/2010

Pseudos - Parte 4

[Antes de começar este post, quero me retratar com as pessoas que têm acompanhado (imagino que sejam poucas, pq ngm comenta, ngm vota... rsrs). Eu deveria ter postado na 6ª feira como de praxe, sei... Me desculpem! Porém, algumas coisas aconteceram... alguns infortúnios, algumas tarefas e cm tbm sou filha de Deus, fui conhecer uma guria que, espero eu poder encontrá-la de novo, quando eu tiver mais tempo e ela estiver menos bêbada...! XD Enfim,...! Só pude postar hoje. Espero que curtam... Apesar de sentir que alguns vão querer me matar no final...! *medão* Boa leitura! =D Obrigada por lerem!]
Após aquela tarde em que recebi a visita de Eduarda, fui entronizando aos poucos meu interesse por Cecília. Nossas rotinas se tornaram cada vez mais afinadas, assim como nós mesmas. Almoçávamos juntas todos os dias, saímos para tomar alguma coisa depois do trabalho algumas vezes; na verdade, quando eu não estava tão cansada. Nosso contato físico era inevitável. Enquanto conversávamos era impossível não tocar os braços da outra, as mãos e muito menos ficarmos sem nos encarar. Certa vez, Cecília se pôs a brincar com meus anéis. Sentadas naquele bar da nossa primeira conversa, segurava minha mão e os girava de um lado para o outro devagar. Ela possuía as mãos delicadas, finas, macias... fiquei em silêncio por um tempo, usufruindo daquela sensação gostosa de estar sendo acarinhada sutilmente. E mesmo que não nos víssemos pessoalmente, nos ligávamos. Algumas vezes Eduarda me procurou, para saber como eu estava levando a situação. “Não sei lhe dizer, Duda... Só sei que não nos desgrudamos... E é muito bom tê-la por perto.”.



Aproximadamente um mês e meio se passou, e Cecília já habitava meus sonhos. Eu, curiosa e desnorteada, pesquisei na internet sobre tudo que envolvesse duas mulheres. “Muita informação...”- me surpreendi. Constrangi-me um pouco quando dei de cara com um Kama Sutra para lésbicas. Não sabia se ria ou se me assustava. A idéia de ter qualquer contato sexual com uma mulher ainda era complicada de assimilar. Mas a mesma possibilidade envolvendo Cecília se tornara um desejo imenso.



Num dia desgastante e atribulado, ela telefonou me convidando para almoçar. Recusei prontamente. “Hoje habita o caos aqui, Ceci... Tive que correr muito e tô vendo a necessidade de demitir um advogado...”. Preocupada, perguntou se poderia fazer algo para melhorar meu humor. “Só me espera sair daqui hoje... a gente senta, conversa, toma algo... ok?”. Como o acertado, Cecília apareceu no escritório após sua última aula dada. Só não contávamos com uma chuva torrencial. “O próprio dilúvio.”



Depois de uma hora ainda trabalhando, ajeitei tudo e saímos. Ela questionou-me sobre ainda querer tomar algo. Retruquei que o bar era próximo e, implicando, perguntei se ela era de açúcar. “Só provando para saber...!”. Ri, enrubescida. Descemos enquanto eu contava sobre o dia conturbado que eu tivera. Ficamos paradas por um tempo na porta do prédio, avaliando a intensidade da chuva. Ao dar uma estiada, andamos rápido para o bar de sempre.



No bar, a chuva voltou a ser forte. Conversamos, bebemos um pouco. Cecília estava insuportavelmente encantadora naquela noite. Não havia uma frase que eu dissesse, que ela não aproveitasse para dar uma (in)direta. Talvez já intencionasse me fazer sair dos nossos encontros de amiga. Eu estava cansada demais para passar muito tempo ali, apesar de querer muito estar com Cecília. Quando eu pedia a conta, seu celular tocou. “Oi, mãe... [pausa] tá tão ruim assim...? [pausa] Certo. Então, eu me viro... Qualquer coisa, ligue. Beijo”. Antes mesmo que eu perguntasse o que acontecera, Cecília explicou que seu bairro não possuía uma boa engenharia de escoamento de água. Por conta disso, toda vez que chovia muito, as ruas alagavam. “A nossa sorte é que nossa casa é alta. Já vi muita gente perdendo suas coisas...”. No meio do silêncio de consternação que se instalou, não quis ver nas entrelinhas a oportunidade que se mostrava em neon. Afirmei que, então, ela não teria como ir para casa. Cecília balançando a cabeça confirmou. Resolvemos esticar nosso tempo no bar apenas o suficiente para tomar uma bebida. Ao final, de conta paga, chave e bolsa em mãos, respirei fundo. “Você dormirá comigo.” Cecília olhou-me surpresa. “Na minha casa, Ceci... Enfim,...”. Ela não quis aceitar, alegando que seria incômodo demais. “Se fosse, não convidaria. Vais ficar na rua?”. Após um tempo pensando olhando para a chuva, aceitou.



De pé na saída do bar ficamos olhando a chuva cair. Cecília, olhando para mim, segurou-me pela mão e me puxou. Saímos as duas correndo pelas calçadas, com aquela chuva densa e forte sobre nossas cabeças. Admitir que uma vontade súbita de apenas andar debaixo daquela chuva faz-se desnecessário. Naquela típica cena de clichê, parecíamos adolescentes que buscam motivo na pressa para aproveitar um bom banho de chuva. E era bom. Rejuvenescedor.



Voltamos a frente do prédio onde trabalhamos e entramos no meu carro. Rindo muito da estripulia, apenas no recostamos e nos guiei para casa. No caminho, nada dissemos. O silêncio era tão cúmplice que seria crime acabá-lo. Do nada, Cecília decidiu ligar o som. “Come on and save me... from the rangs of the freaks Who susppect they could never Love anyone...”. Fomos até o apartamento com Aimee Mann a nos embalar. Entrei no prédio, estacionei o carro, descemos. “Você tá muito engraçada.”- comentou sobre minha roupa social encharcada. Olhei para ela e era a visão mais linda que eu já tivera de alguém. Ela jogou os cabelos molhados para o lado e seu rosto feminino quase infantil se iluminou. A camiseta molhada sobre o corpo enfim deixou transparecer a silhueta que tanto escondia.



Já dentro do apartamento, disse que poderia colocar suas coisas onde achasse melhor. Me encaminhei para o quarto enquanto ela ficou tirando seu tênis na sala. Ao voltar, lhe entreguei uma toalha, camiseta e uma calça tipo pijama. “Ficarão bons em você. São bem folgados, não se preocupe.” Ela agradeceu. Enquanto ela banhava também fui me trocar e tratar de tirar aquela roupa ensopada. Debaixo do chuveiro, senti-me com os músculos rígidos mais que o normal. “Calma. Não acontecerá nada de mais.”.



Saí do banho, me vesti e fui ver se Cecília precisava de algo. “Eu disse que ficaria bom.”- comentei ao vê-la com minhas roupas. Fui a cozinha preparar um café para nos esquentar. Ela elogiava a decoração enquanto eu preparava tudo. Ri, pois não esperava que entendesse daquilo. Ela entendeu meu riso e apenas o acompanhou. Fomos para a sala e sentadas, ficamos assistindo a tempestade que se caía pela porta de vidro da sacada. Vendo que ela havia terminado seu café, recolhi a xícara e fui ao quarto buscar travesseiro e cobertor. Entregando-lhe tudo, informei que eu dormiria no sofá e ela em minha cama. “Jamais. Volte para sua cama. Sou alguém inesperado e eu durmo no sofá.”. Quis insistir, mas ela foi resistente. Antes que eu conseguisse arredar o pé da sala, dei-lhe um beijo no rosto. Ela sorriu tímida e segui para o quarto.



Deitei cobrindo o corpo com o edredom. Pus os olhos fixos no teto por tempo suficiente para não saber que horas eram. Sentei na cama. “O que eu to fazendo, meu Deus...?”- me perguntei enquanto ajeitava os cabelos bagunçados e a camisola frouxa. Levantei e fui a cozinha tomar um pouco de água; mero engodo pessoal para vê-la. Da cozinha, conseguia mirar Cecília deitada no sofá. A ânsia de estar perto era violenta e me maltratava.



Largando o copo na pia, fui para a sala e sentei na mesa de centro. Passei um tempo ali, apenas a vendo respirar e mexer-se enquanto dormia. Ao se mexer bruscamente, o lençol quase caiu. Na tentativa de ajeitá-lo, me senti mais instigada a tomar uma iniciativa. Trêmula, a cobri e passei a mão em seus cabelos. Eram sedosos, finos e de um castanho bem claro. “Deve ter nascido loirinha...”- imaginei. Continuei afagando seus cabelos até que ela se espantou. “Aconteceu alguma coisa?”- acordou espantada ao me ver ali. Não consegui falar; na verdade, não conseguiria colocar em palavras o tanto que a desejava. Estendi-lhe a mão. Olhou-me sem entender muito do que se tratava. “Apenas me dê a mão, Ceci...”. Levantei e a levei pela mão até o quarto. “Hoje acaba ou começa?”

6 comentários:

Unknown disse...

"O silêncio era tão cúmplice que seria crime acabá-lo."

confeço que ao final deste capitulo senti uma lagrima em meus olhos... nossa, comecei a ler seu blog por coincidência e simplesmente fiquei encantada...vc é otima com as palavras... por favor poste logo a parte 5...

Samir Aranha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Samir Aranha disse...

a tia gorda quase te mata por conta da não postagem de sexta, mas valeu a pena esperar...
como sempre um texto sutil, direto e de muito agradável leitura...
incrível como o texto ganha mais fôlego a cada postagem.
Esperando o próximo capítulo com a mesma ansiedade dos nerds de 11 anos pela milésima edição de harry potter.

Comércio de Sonhos disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaah...

para se redimir terá q postar um capitulo a cda dia dess semana! kkkkk

ta ótimo campelo...
nao duvide de nossas palavras...
e poste logo a outra parte!!!
kd vez mais encantada por cecilia!!!
e pela advogada tb!!!

Anônimo disse...

Elegante Zig algúem que me segue, também te segue... e eu xeretei... e te encontrei... rsss
Pelo que vejo, temos a curiosidade em comum...
Obrigada pela visita.
e como vê, continuo por aki...
bjks

Larissa Sampaio disse...

Ahh...não sei como essa mulher conseguiu essa coragem pra chamar ela pra ir pro quarto.Eu ficaria mto sem graça.Mas estou anciosa pra saber o resto da historia!
Otimo , otimo!!